Curiosidades

Quem contou garante não haver uma única gota de exagero.

Lendas e histórias sobre Águas de Lindóia fascinam curiosos, historiadores, linguistas, aventureiros, colecionadores de carros clássicos e turistas.

E não de hoje, faz séculos e séculos que isso acontece.

Além de uma história digna de um filme de aventura, que talvez algum dia seja realizado pelo escritor e roteirista Caio Tozzi, descendente do Dr. Francisco Tozzi, Águas de Lindóia oferece a seus visitantes montanhas de curiosidades instigantes e lendárias.

Algumas são debatidas apaixonadamente até hoje por historiadores.

Outras envolvem lutas em terras longínquas e a poucos passos da praça Adhemar de Barros.

Até a Inglaterra da Rainha Elizabeth, distante exatos 9.385 Km de Águas de Lindóia, está no enredo.

Há as que projetam um sucesso ainda mais astronômico para a encantadora cidade turística do interior de São Paulo.

Todas, acredite, irão aguçar a sua curiosidade em conhecer A Cidade das Águas Azuis, a capital brasileira do termalismo, a cidade do antigomobilismo.

A controversa, misteriosa e poética origem do nome de Águas de Lindóia.

Águas de Lindóia - Portal de Águas de Lindóia

Foto: Fael Constantini

Quanto à palavra Águas, nenhum mistério. Lindóia é que tem dividido opiniões.

Para alguns, Lindóia derivaria do Tupi “Ri” (água), “nd” (insípida) e “hio” (sensação de quentura na boca): Rindhio, que poderia ser traduzido como “água quente e insípida ao paladar”.

Outros defendem que a grafia original Lindoya, com Y”, utilizada nos tempos do Dr. Francisco Tozzi (veja em História), teve origem em Rindoya: “rio que se contém” ou “rio que não extravasa”.

Pelo fato do som do “R” suave não existir na fonética Tupi, ele foi substituído pelo “L”, justificando o “Lindóia”.

Estudiosos da língua Tupi afirmam que nenhuma das explicações acima tem fundamento, que foram meras tentativas de associar o nome Lindóia ao idioma dos habitantes nativos da região.

Por essa razão, teriam utilizado a letra “y”, em lugar do “i“. A apóstrofe seguida pelo “Y” ('y) significa “rio, águas” em Tupi.

Já “ndóia” não teria qualquer significado, segundo os linguistas.

Mas isto não termina por aqui.

A índia Lindóia, de Basílio da Gama.

Índia Lindóia do poema Uraguay de Basílio da Gama

A índia Lindóia é um dos protagonistas do poema épico O Uraguay, de Basílio da Gama, escrito em 1769.

O poema tem como cenário os conflitos de portugueses e espanhóis contra os guaranis, e foi construído seguindo os princípios do Arcadismo, romantizando o embate cruel entre a rusticidade e a civilização.

Esses conflitos de fato aconteceram entre 1753 e 1756 no sul do Brasil, na região das Missões, e entraram para a história como Guerras Guaraníticas e Guerra dos Sete Povos.

Na obra de Basílio da Gama os padres jesuítas ocupam o papel de vilões, cabendo aos guaranis desempenharem distintas facetas do herói.

A índia Lindóia simboliza a delicadeza, a formosura e a honestidade. Seu esposo, o Chefe Cacambo, a coragem.

Forçada pelo padre Balda a se casar com o seu filho Baldeta, Lindóia permite ser picada por uma cobra no dia do casamento, e morre.

O Uraguay foi considerado um marco na literatura brasileira, descrevendo para o leitor da época acontecimentos recentes, de forma romanceada.

O poema não contém menção relacionada ao local conhecido na ocasião de sua publicação como “Morro das Águas Quentes”, que daria origem à Águas de Lindóia.

Alguém, em algum momento, associou a heroína Lindóia de Basílio da Gama à heroína sem nome da história fantástica que foi extraída de antigas cerâmicas caiapós. Saiba mais em História.

A estátua da índia Lindóia no Balneário Águas de Lindóia.

Balneário Águas de Lindóia - Escultura - Águas de Lindóia SP

Foto: João Eduardo Biscuola

Inaugurada em outubro de 2021, a obra é de autoria do artista plástico Benedito Ávila, e foi inspirada em painel do ítalo-brasileiro Galileo Emendabili, autor do Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo.

A estátua de 300 kg tem o peso dramático do episódio relatado acima no poema épico de Basílio da Gama: mostra a índia Lindóia e a serpente que a matou.

Seria este o primeiro nome de Águas de Lindóia?

Águas Santas talvez tenha sido o primeiro nome de Águas de Lindóia SP

O lugar em que a cidade está atualmente já teve vários nomes.

Um deles surgiu muito antes de 1.790.

Nesse tempo Águas de Lindóia era um ponto situado nas serras, conhecido apenas por Bandeirantes e aventureiros que se feriam aos cruzar as florestas em busca do ouro das Minas de Goiás.

Eles ficaram surpresos ao encontrarem alívio e até cura nas águas que brotavam ao pé de uma das montanhas: o Morro Pelado.

A notícia se espalhou e aquele pedaço da mata passou a ser chamada de Águas Santas.

A Lenda do Sapo Gigante.

A Lenda do Sapo Gigante - Águas de Lindóia SP

Imagine muito antigamente um netinho perguntador e um avô com pouca paciência.

“Vô, porque a água daqui faz bem para a saúde?”

“Porque um sapo gigante com mágicos poderes curativos mora junto às fontes de Águas de Lindóia”.

Fim da história e das perguntas.

E início de uma das lendas mais antigas e curiosas a respeito de Águas de Lindóia.

Morro Pelado inspirou o primeiro nome da cidade mineira de Monte Sião.

Silhão - Sela para montaria feminina - Águas de Lindóia SP
Paisagem Águas de Lindóia - Detalhe Morro Pelado - Águas de Lindóia SP - Foto: João Eduardo Biscuola

A forma do Morro Pelado, na divisa entre Águas de Lindóia, no Estado de SP e atual cidade de Monte Sião, em Minas Gerais, lembra vagamente um silhão, antiga sela para montaria feminina.

Foi por essa razão que os primeiros moradores, por volta de 1.819, nomearam o lugarejo como Monte Silhão.

Tempos depois, durante as primeiras missas celebradas no sul de Minas, padres Franciscanos torceram o nariz para o nome Monte Silhão... sugeriram a mudança para Monte Sião, em homenagem ao Monte Sião de Jerusalém.

As misteriosas pedras com inscrições em português e em hebraico encontradas no Morro Pelado.

Pedras com textos em português e em hebraico - Museu Historico e Geográfico de Monte Sião – Águas de Lindóia SP

O Museu Histórico e Geográfico de Monte Sião exibe três curiosíssimas pedras-sabão.

A placa junto a elas conta como foram descobertas:

Pedras com temas bíblicos escritos em português e hebraico, encontradas no alto do Morro Pelado, neste município, a 1.319 metros de altitude, durante serviço de terraplanagem, em 1985. Origem desconhecida.

Elas estavam embaladas dentro de uma caixa de madeira. As rachaduras nas pedras mostram os danos feitos pela máquina de terraplanagem.

Os textos fazem referência aos Dez Mandamentos e à Nova Jerusalém. Em uma das pedras, está esculpida a data da fundação do Estado de Israel: 14 de maio de 1948.

Quem as teria feito? Por qual motivo? Por que foram escondidas no alto do Morro Pelado?

Mesmo após muitas pesquisas, a equipe de museu não encontrou respostas, concluindo que este “é mais um enigma do já lendário morro que possui dezenas de casos estranhos e não esclarecidos”.

A passagem secreta para Machu Pichu no Morro Pelado de Águas de Lindóia.

Passagem para Machu Pichu no Peru encontrada no Morro Pelado em Águas de Lindóia SP

Esta é do Peru, mas não ria, pode ser verdade.

Corre por aqui faz tempo que existe uma caverna no Morro Pelado que leva diretamente à Machu Pichu.

Quem conhece muito bem a região diz que na face do morro voltada para a cidade mineira de Monte Sião de fato existe uma caverna, mas que a sua entrada não pode ser vista do alto do Pelado porque está oculta por uma laje de pedra.

Audazes aventureiros garantem ter visto dentro de um abismo e encoberta por vegetação algo que se assemelha com a entrada de uma caverna.

Grupos de espeleólogos, especialistas em estudar cavernas, não a encontraram.

Contamos com você para solucionar este mistério. Quando vier para Águas de Lindóia traga cordas e capacete.

É brincadeira, não faça isso: explorar as encostas do Morro Pelado exige treinamento e equipamentos específicos, é coisa para profissionais de alpinismo e rapel.

A gloriosa história da Praça Dr. Vicente Rizzo.

Águas de Lindoia – Praça Dr. Vicente Rizzo, em frente ao hotel Majestic, Mopar Nationals 16 a edição – Foto Arquivo Chrysler Clube do Brasil

A Praça Dr. Vicente Rizzo é o palco de muitos eventos de antigomobilismo que acontecem em Águas de Lindóia.

Em 1910, o cenário era outro.

Era uma floresta com um riacho e a casa recém-construída pelo primeiro e mais ilustre lindoiense - o Dr. Francisco Tozzi -o ousado e genial médico italiano idealizador das Thermas de Lyndoia que deram alma, fama e origem à cidade.

O obelisco da praça faz referência a isso, é o Marco Zero de Águas de Lindóia.

Deliciosa curiosidade que ninguém enjoa de ouvir.

Navios de cruzeiro trouxeram sabor à gastronomia de Águas de Lindóia

Dizem os bons gourmets que a variedade e o sabor da culinária dos hotéis de Águas de Lindóia têm explicação.

Ela teria surgido nos anos 1940, inspirada pelo Chef de um famoso navio de cruzeiro europeu em férias no Brasil.

Quanto à primeira linha acima, nada a discordar, apenas para concluir: os segredos da culinária lindoiense são o talento dos Chefs de hoje, muitos deles premiados, e a excelente qualidade das matérias-primas.

Em relação à segunda linha.... venha conferir pessoalmente, provando pratos da gastronomia internacional que só existem neste oceano de água mineral entre as montanhas.

Recado para você, vindo lá do início do Século 20.

Mário de Andre em Águas de Lindóia - SP

A pessoa sorridente desta foto é o poeta e romancista Mário de Andrade, um dos ícones da Semana de Arte Moderna de 1922, autor de Macunaíma.

Sua visita às Thermas de Lindoya entre o final dos anos 1920 e o início da década de 1930 o marcaram tanto que ele dedicou ao balneário termal uma crônica, que consta do livro Clima de Altitude.

Resta apenas 1 exemplar conhecido da obra, guardado na Biblioteca Mário de Andrade.

O modernista mandou um recado para os turistas de hoje, apressados e distraídos entre tanta tecnologia:

“Não se esqueça, viajante, que você está na presença de uma das paisagens mais lindas de São Paulo”.

Águas de Lindóia, fronteira de guerra.

Águas de Lindóia - Cartuchos da Revolução de 1932 encontrados junto ao Morro Pelado

Joel Silveira com cartucho de munição que encontrou aos pés do Morro Pelado.

Em 1932, as relações entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais deixaram de envolver leite, café e abraços.

Balas da Revolução Constitucionalista cruzavam o ar de um lado para outro da fronteira.

Um dos fronts de batalha teve enorme relevância estratégica, e foi arduamente disputado: o Morro Pelado.

Resquícios das lutas ainda brotam das terras ao redor do Pelado, carregados pela água de fortes chuvas.

Junto com eles vêm inocentes peças em cerâmica Caiapó, que não têm nada a ver com essa briga.

Obrigado pelo Rolls-Royce, Rainha Elizabeth, valeu, adoramos!

O Rolls Royce Silver Wraith que pertenceu à Getúlio Vargas

Durante muitos anos correu a história de que o Rolls-Royce de cabine fechada, que ganhou o prêmio máximo em uma das edições do Encontro Paulista de Autos Antigos de Águas de Lindóia, teria sido um generoso presente de Elizabeth II, rainha do Reino Unido, para o presidente Getúlio Vargas ou para o governo brasileiro, conforme a versão de quem conta.

O tal Rolls-Royce chegou ao Brasil em janeiro de 1953. Elizabeth foi coroada cinco meses depois, em junho de 1953, mas o mundo já sabia que ela seria a nova soberana desde o falecimento do Rei George, em fevereiro de 1952.

A criatividade brasileira juntou os fatos: foi presente da nova rainha!

Os blogs paitomotors e maxicar esclarecem a verdade histórica.

Na verdade, o governo brasileiro encomendou Rolls-Royce Silver Wraith (Espectro de Prata) de cabine fechada para substituir os antigos Cadillacs.

Uma coisa nem todo o Reino Unido junto pode negar: está aqui embaixo a foto que prova que Elizabeth desfilou sim a bordo do Rolls-Royce presidencial quando visitou o Brasil em 1968.

Rainha Elizabeth no Rolls-Royce presidencial na Av. Atlântica, Rio, em 1968 - Águas de Lindóia SP

A compra dos Rolls-Royce aconteceu em um momento em que a balança comercial brasileira apresentava déficits, e as importações eram duramente questionadas.

Os automóveis foram fabricados com alterações especiais, incluindo para-choque traseiro e estribos laterais reforçados para suportar o peso dos seguranças, mastros para o uso de bandeiras nos para-lamas dianteiros e velocímetro no compartimento traseiro, entre outros detalhes.

A conta ultrapassou £ 15.500 (libras esterlinas), equivalente na época à 7 automóveis Jaguar modelo XK 120.

Com base nos modelos atuais de Rolls-Royce, e considerando as alterações na plataforma, em valores de hoje seria algo como R$ 6 milhões.

Em 1º de janeiro de 1953, a montadora embarcou rumo ao Brasil o modelo presidencial de cabine fechada, conforme solicitado. Junto com ele veio outro modelo, fora das especificações.

Ao chegar ao país, um grupo de amigos de Getúlio resolveu presentear Getúlio com esse carro, para uso particular oficial.

E fizeram o mesmo quando chegou o modelo conversível, que foi embarcado para o Brasil em março do mesmo ano.

Os dois veículos se tornaram propriedade de Getúlio Vargas, que decidiu caracterizá-los como carros oficiais.

Getúlio Vargas no Rolls-Royce da Presidência da República Fechado - Águas de Lindóia SP

Presidente Getúlio Vargas a bordo do Rolls-Royce Silver Wraith, cabine fechada.

“É importante ressaltar que Getúlio Vargas tinha a intenção de doar os veículos ao estado brasileiro”, diz o blog paitomotors.

Com a morte abrupta de Getúlio, não houve tempo de efetivar a doação e os herdeiros de Vargas reivindicaram os automóveis, criando um imbróglio político e fiscal que só teve solução em 1957: a família do ex-presidente ficaria com o Rolls-Royce de cabine fechada, e o Estado Brasileiro com o conversível.

O Rolls-Royce da família Vargas percorreu um longo caminho antes de chegar até Águas de Lindóia: foi vendido para o diretor da Rádio Nacional e depois para o marido da Miss Brasil 1957.

O próximo comprador foi o titã da mídia da época, Assis Chateaubriand, até que seu tesouro sobre rodas foi penhorado pela Receita Federal para pagamento de dívidas dos Diários Associados com a previdência social.

O Rolls-Royce Silver Wraith passaria quase 40 anos parado em uma garagem, aguardando o seu novo dono.

Em 1994 foi arrematado em leilão por um colecionador.

Hoje ele pertence a Nilson Carratu que, ao lado da sra. Edenise Carratu, foram pioneiros do antigomobilismo em Águas de Lindóia.

O canal Oficial da Presidência da República no Youtube tem um vídeo produzido por Thiago Melo que mostra em detalhes o Rolls-Royce usado na posse dos presidentes: Acesse aqui

Extra, extra: turista sobe o Morro Pelado e avista discos voadores!

Turistas dizem ter avistado discos voadores no Morro Pelado - Águas de Lindóia SP

Não é o que o você está pensando. É bem mais interessante!

Vários turistas que subiram o Morro Pelado para apreciar a vista e as estrelas - um dos programas mega recomendados para quando vier para Águas de Lindóia - asseguram terem observado discos voadores.

Todo mundo sabe que caiapós, Bandeirantes, tropeiros e antigos viajantes davam uma paradinha nas fontes próximas ao Morro Pelado: confira em História

Pelo visto, agora são os extraterrestres que vêm se refrescar por aqui em suas viagens pelo universo.

A fama de Águas de Lindóia se tornou .... intergaláctica!

Observatório Astronômico de Águas de Lindóia.

Complexo Astronômico Observatório de Águas de Lindóia SP

Imagem 3D do projeto do Complexo Astroturístico de Águas de Lindóia.

Águas de Lindóia planeja construir no topo do Morro Pelado, a 1.400 metros de altitude, um Complexo Astroturístico de dar inveja nas mais avançadas civilizações extraterrestres.

Se tudo der certo, em breve você, turista espacial, poderá explorar os planetas e as estrelas, bisbilhotar as cidades vizinhas e realizar contatos visuais de 360 graus com a espetacular paisagem de montanhas à sua volta.

A cúpula do observatório será uma das maiores da América Latina. O planetário será um dos mais altos Brasil.

A estrutura do Complexo Astroturístico oferecerá diferentes formas de entretenimento, convívio e aprendizado.

Três edifícios adjacentes ao observatório e interligados por passarela panorâmica terão restaurante, espaço de exposição, uma nova pista para salto de asa-delta, salas de aulas, ambientes para pesquisa, rool-off para telescópios e dormitórios para pesquisadores, entre outros.

O projeto foi desenvolvido pelo mestre em arquitetura e urbanismo Samuel Mantovani, com o apoio do astrônomo Júlio Lobo e dos designers Anthoni Santos e Daniel H. Ribeiro.